Ontem tive a oportunidade de ouvir o Dr. Adam Riess, um dos ganhadores do Nobel de fisica pelo suas contribuicoes para o entendimento da expansao do universo. O fato mais marcante e que ele me parece bastante novo! Ele terminou seu doutorado em Harvard em 96.. Impressionante!
Hopkins eh um lugar bastante privilegiado neste campo pois caso nao saibam, o telescopio Hubble foi desenvolvido aqui. Creio que esta proximidade foi que atraiu o Dr. Riess de Stanford para ca.
Entao, depois da sua palestra interessante sobre o universo como o conhecemos, eu descobri este video no YouTube. Pessoalmente, eu sempre quis saber se os cientistas nesta area possuem um mapa do universo conhecido com todas as galaxias. Talvez sim?
No final da palestra, nos nos damos conta do quanto a gente nao sabe sobre o universo. Obviamente conhecemos muito mais do que ha 500 anos atras, mas ainda resta um infinito a descobrir. Uma curiosidade sobre estes fisicos cosmologistas: eles sao incrivelmente humildes. Sera porque?
E só mais uma coisinha: "talvez o Einstein esteja errado" nao sao suposicoes que qualquer um ousa fazer :)
vendredi 28 octobre 2011
dimanche 16 octobre 2011
Parte 2: Caso de plagio, problemas inflacionarios e licoes da economia...
Ola de novo,
Semana passada eu assisti uma palestra de um camarada que se chama Michael Nielsen. Ele acabou de lancar um livro chamado "Open Science: The Promise and the Challenge", que tem muito a ver com o post do Bruno.
Esse camarada falou das origens das publicacoes cientificas e sobre como fazer ciencia eh um conceito que vem evoluindo desde a renascenca. O exemplo mais legal que ele usou foi o de Galileu. Galileu nao publicava imediatamente suas descobertas. Ao contrario, ele documentava suas descobertas, as convertia em anagramas e enviava a seus "concorrentes", pessoas que estavam fazendo observacoes dos astros como ele na epoca. A ideia era que se algum dos seus concorrentes publicasse algo que ele ja havia descoberto, tudo que ele deveria fazer era converter o anagrama no artigo original e provaria que ele havia sido o primeiro descobridor!! Mas pra que esta historia de anagramas? Bem, isso se deve a dificuldade de saber o que exatamente o seu 'concorrente' sabe sem revelar muito sobre o que voce sabe. O que eh incrivel eh que isso acontecia no seculo 17 e acontece ate hoje no seculo 21..
O Michael falou tambem da relutancia dos cientistas do seculo 19 a publicar seus trabalhos para evitar a concorrencia. Hoje em dia a publicacao de trabalhos cientificos virou 'dinheiro'. Virou pre-requisito para conseguir financiamento para novos projetos pois eh um 'atestado' de que se faz pesquisa. Isto acontecia na epoca de Galileu tambem! Querem saber como? Como eu disse anteriormente, Galileu nao publicava seus trabalhos imediatamente mas quando ele descobriu as quatro luas de Jupiter, ele se apressou em publicar a sua descoberta e ofereceu nomear as luas em troca de patrocinio. Quem decidiu patrocinar Dr. Galileu? Os medicis.. Logo, as quatro luas se chamavam Cosmica Sidera, em homenagem ao Cosimo II de' Medici (1590–1621). Olha so a foto do patrao.
Historia interessante nao? Interessante tambem eh ver como o problema continua evoluindo junto com a maneira como fazemos pesquisa.
R
Semana passada eu assisti uma palestra de um camarada que se chama Michael Nielsen. Ele acabou de lancar um livro chamado "Open Science: The Promise and the Challenge", que tem muito a ver com o post do Bruno.
Esse camarada falou das origens das publicacoes cientificas e sobre como fazer ciencia eh um conceito que vem evoluindo desde a renascenca. O exemplo mais legal que ele usou foi o de Galileu. Galileu nao publicava imediatamente suas descobertas. Ao contrario, ele documentava suas descobertas, as convertia em anagramas e enviava a seus "concorrentes", pessoas que estavam fazendo observacoes dos astros como ele na epoca. A ideia era que se algum dos seus concorrentes publicasse algo que ele ja havia descoberto, tudo que ele deveria fazer era converter o anagrama no artigo original e provaria que ele havia sido o primeiro descobridor!! Mas pra que esta historia de anagramas? Bem, isso se deve a dificuldade de saber o que exatamente o seu 'concorrente' sabe sem revelar muito sobre o que voce sabe. O que eh incrivel eh que isso acontecia no seculo 17 e acontece ate hoje no seculo 21..
O Michael falou tambem da relutancia dos cientistas do seculo 19 a publicar seus trabalhos para evitar a concorrencia. Hoje em dia a publicacao de trabalhos cientificos virou 'dinheiro'. Virou pre-requisito para conseguir financiamento para novos projetos pois eh um 'atestado' de que se faz pesquisa. Isto acontecia na epoca de Galileu tambem! Querem saber como? Como eu disse anteriormente, Galileu nao publicava seus trabalhos imediatamente mas quando ele descobriu as quatro luas de Jupiter, ele se apressou em publicar a sua descoberta e ofereceu nomear as luas em troca de patrocinio. Quem decidiu patrocinar Dr. Galileu? Os medicis.. Logo, as quatro luas se chamavam Cosmica Sidera, em homenagem ao Cosimo II de' Medici (1590–1621). Olha so a foto do patrao.
Historia interessante nao? Interessante tambem eh ver como o problema continua evoluindo junto com a maneira como fazemos pesquisa.
R
dimanche 9 octobre 2011
Caso de plagio, problemas inflacionarios e licoes da economia...
Alors,
O Bruno acabou de escrever um otimo post sobre o recente caso de plagio na pesquisa brasileira. O problema gerou uma certa repercussao em ambito nacional e aparentemente motivara a criacao pelo CNPq de uma 'lei do plagio', cujo objetivo eh a criacao de diretrizes para a coibicao e punicao deste ato nas instituicoes brasileiras.
Na materia publicada na revista do Piaui, eles afirmam que o caso botou o Brasil 'no mapa da fraude cientifica internacional'. Francamente, nao entendi esta frase pois claramente este caso nao gerou nem vai gerar nenhum tipo de repercusao grave na credibilidade da ciencia brasileira. No entanto, ele chama a atencao para problemas fundamental na maneira que a producao academica e avaliada atualmente.
Sejam la quais elas foram as razoes para este plagio, simples engano na manipulacao dos dados ou ma fe, o objetivo era publicar um artigo em um jornal internacional de prestigio. Mas quais motivos levaram estes pesquisadores (note que estou usando o plural) a arriscar sua credibilidade ao publicar um tal artigo para apreciacao da comunidade cientifica?
Na minha (limitada) concepcao, este artigo alimenta o seguinte ciclo: artigos = projetos = dinheiro = artigos = projetos ... Absolutamente TODAS pessoas que fazem pesquisa atualmente (nas engenharias) entendem este sistema e se conformaram a ele. Logo, eh apenas natural esperar que cientistas tentem maximizar seus ganhos com o mesmo. Isto comeca naturalmente pela publicacao massiva de artigos, o primeiro passo do ciclo.
Normalmente, ate em grupos de pequeno porte, a quantidade de artigos e tao grande, que geralmente os encarregados da direcao da pesquisa nao tem tempo para analisar criticamente os trabalhos. Em certos casos, eles nao possuem nem mesmo o tempo de 'ler' os trabalhos. Com uma extensa lista de publicacoes, o pesquisador sobe degraus na instituicao e obtem financiamento que permite a contratacao de mais trabalhadores (AKA estudantes escravos). Como esperado, isto realimenta o sistema e logo o diretor de pesquisa nao tem mais controle direto sobre a direcao da pesquisa. Com o tempo, o diretor se torna um 'administrador' e nao mais atua diretamente na parte criativa ou tecnica dos trabalhos. Como um recem-doutor, eu posso afirmar que este estagio eh especialmente perigoso pois o diretor ainda atua como um 'orientador' e sua distancia tecnica do problema pode mal direcionar os alunos.
Remontando ao problema que gerou esta discussao, hoje notamos que o mercado esta saturado com publicacoes. O circulo vicioso que eu mencionei acima gerou uma 'inflacao' de papers. Se antigamente 2 papers em jornais de prestigio era atestado de uma producao cientifica 'excelente', hoje um bom estudante de mestrado em engenharia que deseja comecar um doutorado em uma universidade de prestigio nos EUA deve conseguir ao menos 1 no final do seu curso. Pouco importa o conteudo do seu trabalho enquanto ele for aceito em um jornal com alto fator de impacto.
Agora, raciocinem comigo, alguem tem a ilusao de que no mundo da pesquisa existem apenas gente honesta? Logo, acreditar que todos cientistas sao nobres almas que se preocupam unicamente com o avanco do conhecimento da humanidade eh pura ingenuidade.
Depois de tanto falar, eu chego ao ponto: dadas as atuais circunstancias, como medir a real producao cientifica de um grupo de pesquisa? Como nas financas, existe algum tipo de lastro para a pesquisa? Como um moleque nascido na decada de 80 que lembra ainda de ter sua poupanca roubada pelo Collor, lembro tambem das URVs (unidade real de valor) que surgiram durante a transicao do cruzeiro para o real, em meados de 91/92.. No contexto da pesquisa, o que seria uma URV? Sera que se buscassemos uma URV, talvez pudessemos acabar com toda essa loucura? Na minha (encore, limitada) concepcao, politicas de restricao do numero de autores, pesar a relevancia da publicacao pelo seu fator de impacto, tudo isso me parece muito similar ao congelamento de precos e corte no numero de zeros da moeda. Sao solucoes e medidas paliativas que tem impacto muito limitado. Logo, devemos procurar uma alternativa as publicacoes para obter uma medida segura de producao academica. Nao tenho ilusao de exista uma resposta facil para esta questao. Apenas aponto o obvio.
Voces nao estao convencidos? Entram lembrem da crise de 2008. Perguntaram ao povo de Wall Street o que eles achavam da criacao pelo governo federal americano de regras para suas 'trades'. A resposta deles foi bem clara: em Wall Street temos as pessoas mais inteligentes do planeta. Nao importa qual a regra do jogo, havera sempre alguem que tentara contorna-las.
O Bruno acabou de escrever um otimo post sobre o recente caso de plagio na pesquisa brasileira. O problema gerou uma certa repercussao em ambito nacional e aparentemente motivara a criacao pelo CNPq de uma 'lei do plagio', cujo objetivo eh a criacao de diretrizes para a coibicao e punicao deste ato nas instituicoes brasileiras.
Na materia publicada na revista do Piaui, eles afirmam que o caso botou o Brasil 'no mapa da fraude cientifica internacional'. Francamente, nao entendi esta frase pois claramente este caso nao gerou nem vai gerar nenhum tipo de repercusao grave na credibilidade da ciencia brasileira. No entanto, ele chama a atencao para problemas fundamental na maneira que a producao academica e avaliada atualmente.
Sejam la quais elas foram as razoes para este plagio, simples engano na manipulacao dos dados ou ma fe, o objetivo era publicar um artigo em um jornal internacional de prestigio. Mas quais motivos levaram estes pesquisadores (note que estou usando o plural) a arriscar sua credibilidade ao publicar um tal artigo para apreciacao da comunidade cientifica?
Na minha (limitada) concepcao, este artigo alimenta o seguinte ciclo: artigos = projetos = dinheiro = artigos = projetos ... Absolutamente TODAS pessoas que fazem pesquisa atualmente (nas engenharias) entendem este sistema e se conformaram a ele. Logo, eh apenas natural esperar que cientistas tentem maximizar seus ganhos com o mesmo. Isto comeca naturalmente pela publicacao massiva de artigos, o primeiro passo do ciclo.
Normalmente, ate em grupos de pequeno porte, a quantidade de artigos e tao grande, que geralmente os encarregados da direcao da pesquisa nao tem tempo para analisar criticamente os trabalhos. Em certos casos, eles nao possuem nem mesmo o tempo de 'ler' os trabalhos. Com uma extensa lista de publicacoes, o pesquisador sobe degraus na instituicao e obtem financiamento que permite a contratacao de mais trabalhadores (AKA estudantes escravos). Como esperado, isto realimenta o sistema e logo o diretor de pesquisa nao tem mais controle direto sobre a direcao da pesquisa. Com o tempo, o diretor se torna um 'administrador' e nao mais atua diretamente na parte criativa ou tecnica dos trabalhos. Como um recem-doutor, eu posso afirmar que este estagio eh especialmente perigoso pois o diretor ainda atua como um 'orientador' e sua distancia tecnica do problema pode mal direcionar os alunos.
Remontando ao problema que gerou esta discussao, hoje notamos que o mercado esta saturado com publicacoes. O circulo vicioso que eu mencionei acima gerou uma 'inflacao' de papers. Se antigamente 2 papers em jornais de prestigio era atestado de uma producao cientifica 'excelente', hoje um bom estudante de mestrado em engenharia que deseja comecar um doutorado em uma universidade de prestigio nos EUA deve conseguir ao menos 1 no final do seu curso. Pouco importa o conteudo do seu trabalho enquanto ele for aceito em um jornal com alto fator de impacto.
Agora, raciocinem comigo, alguem tem a ilusao de que no mundo da pesquisa existem apenas gente honesta? Logo, acreditar que todos cientistas sao nobres almas que se preocupam unicamente com o avanco do conhecimento da humanidade eh pura ingenuidade.
Depois de tanto falar, eu chego ao ponto: dadas as atuais circunstancias, como medir a real producao cientifica de um grupo de pesquisa? Como nas financas, existe algum tipo de lastro para a pesquisa? Como um moleque nascido na decada de 80 que lembra ainda de ter sua poupanca roubada pelo Collor, lembro tambem das URVs (unidade real de valor) que surgiram durante a transicao do cruzeiro para o real, em meados de 91/92.. No contexto da pesquisa, o que seria uma URV? Sera que se buscassemos uma URV, talvez pudessemos acabar com toda essa loucura? Na minha (encore, limitada) concepcao, politicas de restricao do numero de autores, pesar a relevancia da publicacao pelo seu fator de impacto, tudo isso me parece muito similar ao congelamento de precos e corte no numero de zeros da moeda. Sao solucoes e medidas paliativas que tem impacto muito limitado. Logo, devemos procurar uma alternativa as publicacoes para obter uma medida segura de producao academica. Nao tenho ilusao de exista uma resposta facil para esta questao. Apenas aponto o obvio.
Voces nao estao convencidos? Entram lembrem da crise de 2008. Perguntaram ao povo de Wall Street o que eles achavam da criacao pelo governo federal americano de regras para suas 'trades'. A resposta deles foi bem clara: em Wall Street temos as pessoas mais inteligentes do planeta. Nao importa qual a regra do jogo, havera sempre alguem que tentara contorna-las.
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